6.5.23

[Minha Vida Blogueira] Confetes brilhosos no chão

Minha família foi uma das últimas do bairro e do meu ciclo de conhecidos a adquirir um computador. Eu já era adolescente, uns treze anos, quando meu pai comprou um desktop que ficou num quartinho pequeníssimo de casa e ao qual eu tinha acesso restrito, porque tinha que dividir o tempo de uso com meus irmãos (que são três) e meu pai; a mamis nunca se interessou muito pelo treco, sorte a dela. Além da curta janela de tempo diária em que eu podia ficar online, a privacidade era zero.

Eu preciso de privacidade pra escrever, pra ter um blog. E como o pc de casa ficava num local em que outras cinco pessoas entravam e saíam o tempo todo, eu não me sentia à vontade pra cultivar um cantinho online tão particular assim. Então muitos fatores contribuíram pra minha chegada tardia à blogosfera.

Assim como só fui ter acesso a um computador em casa quando todos os meus amigos já tinham um há anos, ganhei meu primeiro smartphone só no fim do ensino médio (!) quando era absurdo pra todos eu ainda não ter whatsapp, e só fui adquirir um notebook pessoal mais tarde ainda, com 20 anos (fruto do meu suor e salário pessoal \o/)(trabalhar é horrível), eu também cheguei ao mundo dos blogs quando a festa meio que já tinha acabado, deixando uns balões murchos pendurados no teto, só um restinho de refri em cima da mesa e uns confetes brilhosos no chão.


Os blogs são febre do início dos anos 2000 e eu fui criar o meu em 2014, publicando de fato só em 2015, mais de uma década depois dessa porteira se abrir, ver uma multidão de gente passar, entrar e depois sair deixando só uns coitados fiéis (oi, gente \o/) e teias de aranha pra trás. Ter chegado ''tarde'' também me deixou com a impressão de que entrei de penetra no evento, parecia que todos os presentes já estavam aqui há mil anos e já se conheciam e já eram amigos e tinham grupos e comentavam nos blogs uns dos outros e faziam 6 on 6 e quem é que vai estar aparecendo só agora, depois de tanto tempo?

Fiquei uns dois anos falando sozinha online e pensando que meu bloguinho seria algo só meu mesmo, diário virtual, não faria parte de uma comunidade que já tinha se formado há tanto tempo porque não havia mais abertura pra isso. Até que aos pouquinhos fui conhecendo uma blogueira aqui, outra ali, e a gente foi se visitando, e de repente tinha gente de verdade lendo meus posts e comentando e trocando ideias e sentimentos comigo. Que lindeza, ter um blog.

Cada comentário que recebo ainda me encanta. Não é nada ruim pra mim escrever só por escrever, escrever pra mim mesma, fiz muito isso e curti o processo. Mas eu também me perguntava se um dia teria companhia por aqui, então é um afago saber que realmente tem gente do outro lado, é um milagre que gostem de me ler - eu falo tanta merd*. =B

Eu nunca tive outro blog além do Krahelake, nisso minha trajetória na blogsfera se difere um pouco da maioria que leio, em que as pessoas já passaram por uma dezena de endereços online, vários títulos, propostas e layouts diferentes. Da infância à adolescência escrevendo fanfic, uns hiatus e abandonos no meio tempo, e aí a aterrissagem de cara na idade adulta, voltando pra cá enquanto a gente tenta descobrir como viver falando de perrengues e recomendando uns filmes legais. Talvez ter chegado meio tarde já me deixou numa fase mais acomodada, sem energia pra tantas transições, e Krahelake foi tudo e o que sempre tive, do mesmo jeitinho desde o início. Pode haver pequenas modificações um dia, mas a essência do que vai ser um blog meu na internet tá ali.

Não tenho receio dos blogs acabarem. Sei que a gente fala disso com frequência, eu mesma fiz piada ao longo do texto e a proposta do Blogueiros Raiz referencia essa era que ficou pra trás enquanto dá novo fôlego pra arte de blogar, já que comparado ao que a comunidade já foi, parece mesmo que estamos respirando com ajuda de aparelhos. Mas eu sei que vou seguir blogando porque preciso de um cantinho assim, algo que me proporcione muito mais liberdade criativa do que instagram, twitter e, Deus me livre e guarde, Facebook são capazes.

Eu preciso de um espaço pra escrever textos enormes sobre tudo e nada, qualquer coisa; pra modificar o layout à exaustão até deixar ele a minha cara e não uma página padronizada igual todas as outras da rede; um lugar que não apareça o tempo todo no feed de alguém e não me deixe desconfortável pensando que estou incomodando, porque acho que quem aparece no blog é menos por escorregão e mais de caso pensado disposto a encarar as consequências - muita vergonha alheia. E se eu preciso disso, deve ter muito mais gente como eu que precisa também, né? Quer dizer, não sou tão especial assim, rs.

Tem muitas formas de publicar textos e outros posts mega dinâmicos e cheios de personalidade na internet, é claro, e faço uso de várias delas. Mas blogar ainda é uma das minhas coisas favoritas. Sei que mesmo que restar só meia dúzia de gente, os blogs não vão acabar, mas ainda não estamos tão mal das pernas, nem pretendo ir embora tão cedo. Eu realmente toparia ficar por aqui falando sozinha de novo por anos se fosse o caso, mas como Blogueiros Raiz tá aí pra mostrar, aposto que vou ter companhia, e aí mesmo se tudo der errado a gente fica falando sozinhos todos juntos. ;)

Este post foi escrito carinhosamente pela Carolina para o Blogueiros Raiz, um espaço que surgiu para unir todos nós, que ainda estamos aqui.

9 comentários:

  1. Adoro essas postagens, saber das relações das pessoas com os blogs, eu super me identifico!

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  2. Entendo perfeitamente o que queres dizer! Também tenho o meu blog desde 2014, e nunca me canso nem deixo de me fascinar com que encontro por aqui!

    Bjxxx
    Ontem é só Memória | Facebook | Instagram | Youtube

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  3. Muito legal rememorar esses tempos áureos do blog. Obrigado pelo relato.

    Boa semana!

    O JOVEM JORNALISTA está no ar com muitos posts e novidades! Não deixe de conferir!

    Jovem Jornalista
    Instagram

    Até mais, Emerson Garcia

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  4. Amo ler estes relatos. Também passei alguns anos falando sozinha, mas sempre gostava de parar pra criar um post. Amo tagarelar na escrita, mesmo fazendo com muito menos frequência do que antes (vida adulta, porque tanto nos consome?)
    Gostei de conhecer a história :)
    Abraços,
    Any.

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  5. Eu amo ler relatos de quem está na internet há tanto tempo e continua com esse entusiasmo. Como alguém que escreve no mesmo blog desde 2006, entendo bem o que ela quis dizer no post. Os comentários, a troca, a criatividade. Tudo isso é tão incrível!

    Um beijo,
    Fernanda Rodrigues | contato@algumasobservacoes.com
    Algumas Observações
    Projeto Escrita Criativa

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  6. Haha eu fui uma que tive vários blogs antes do WS, eu tinha um chamado Girl Off Style acredita? Isso lá em 2013 e sinto falta das amizades que fiz e abandonaram o mundo da blogosfera... Mas bora continuar fazendo o nosso e conhecendo NOVOS web amigos, esse mundão é vasto e pode deixar que sozinha tu não fala mulher!

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  7. Adorei ler este relato! Vou até lá visitar a Carolina. Eu comecei nos blogs antes de 2011 quando vim pra o blogger, passei um tempo em hiatus mas voltei pra valer. Acho que nunca vou deixar de blogar! Eu te entendo Carolina! Um abraço e boa semana! :) 🌷

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  8. O blog da Carols (olha a intimidade XD) é um dos poucos que eu visito com certa frequência pra ver se tem post e, quando tem, meu primeiro comentário é: OLHA SÓ QUEM ESTÁ DE VOLTA!!! (hahaha)

    Tem blogs que a gente lê um post e fica:
    1. fui eu quem escrevi?
    ou
    2. essa aí podia ser minha amiga. :D

    Vida longa aos bloguinhos diarinhos!

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  9. Adorei ler cada um dos comentários em resposta ao meu textinho aqui, coração quentinho. <3 =3

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